O que aconteceu na segunda vez que tomei ayahuasca? Entrei na força?
Imagem: Pixabay |
Passou pouco mais de um mês desde que consagrei o chá pela
primeira vez.
A expectativa era de apreensão. Eu tinha medo do que poderia
ver ou sentir, já que na primeira foi uma experiência boa, temi que a segunda
não fosse legal.
Fiquei com medo de passar pela peia que vi minha irmã e
cunhado passando. Meu estômago estava levemente enjoado, então eu imaginava que
iria vomitar ou ter uma diarreia. Pensava mil coisas e quando mais o momento se
aproximava, a tensão aumentava.
Dessa vez fui porque minha companheira quis ir, então a
acompanhei. Destaco isso pois não é algo que você vicia e tem a necessidade de
ir para se sentir bem. É uma opção, você escolhe se quer ir ou não e o faz por
seus motivos pessoais. Eu não teria problema de retornar, mas se não fosse
estaria tudo bem.
Chegamos ao local, dessa vez tinha mais pessoas presentes. Fizemos
a ficha de inscrição, no caso, atualizei a minha já que era a segunda vez que
eu voltava.
Procuramos um local para nos sentarmos, ficamos próximas uma
da outra, depois de uma rápida palestra informando sobre o chá, fomos orientados
a formarmos filas para tomarmos a bebida.
Tomei e já era, o líquido já estava no meu estomago e não
havia mais o que fazer a não ser esperar pelo efeito em meu corpo.
Sentei, foquei minha atenção, ouvia as músicas, meditava...
passaram-se minutos e nada acontecia. A Bety do meu lado, falou que não estava
vendo nada. Pedi a ela para fechar os olhos e se concentrar.
Comecei a sentir a sensação de frio e senti que a força
estava chegando... mas, quando as imagens iam começar a se formar na minha
mente, a Bety me cutucou e como uma nuvem se desfazendo, só ouvi uma voz
dizendo na minha cabeça que a força estava indo embora. E sim, ela se foi. Esse
momento de distração colocou tudo a perder... ou não?
Eu me sentia muito relaxada, num estado meditativo muito
intenso. Não via nenhuma imagem, meus sentidos não ficaram aflorados, mas a
percepção de mim mesma era muito grande. Aproveitei o estado intenso meditativo
em que me encontrava para apreciar meus pensamentos, meus insights, minhas
ideias, fui deixando tudo isso fluir.
Eu amava estar em mim, amava meu ser, meu corpo, agradecia
intensamente por estar vivendo, por ter saúde, escaneava meu corpo e agradecia
por cada átomo, sentia um prazer indescritível de possuir uma alma e esse corpo.
Foi um momento de aceitação e apreciação muito forte. Um amor próprio que eu
nunca senti. E eu me deixava ali, me amando, me apreciando, e não era uma coisa
de ego, eu não me importava com minha aparência, com meus quilos, era uma
aceitação plena de mim, da maneira como sou... e eu lembro de ter repetido
algumas vezes: Eu sou, eu sou... e sentir uma expansão do meu ser.
Tudo isso vivenciei com muita consciência. Eu percebia o som
do ambiente, percebia quando alguém passava em frente à fogueira e ficava mais
escuro, senti mais alguns cutucões da Bety que estava muito ansiosa por não estar
sentindo nada.
Teve um momento em que olhei para minhas mãos, de olhos fechados,
e vi que começava a surgir umas penas... eu ia virar um pássaro. Não sei
qual... eu ficava pensando: vou voar... em que ave estou me transformando? Não deu
tempo porque houve outra distração.
Mas, como eu cheguei no local com medo, essa distração me
fez ficar desperta, mas eu vivenciei um estado de meditação muito pleno e foi muito
interessante.
Uma amiga da minha irmã fazia gestos com as mãos, quando
abri os olhos pude ver.. e eram gestos muito bonitos, como se fossem
coreografados. Depois ela narrou que tinha sido orientada a fazer isso pois ela
tinha que curar... observei por um ou dois minutos e voltei a me concentrar.
Eu nem me mexia, fiquei imóvel. Se eu quisesse me mexer, o
faria. Mas, é tão raro eu conseguir meditar sem me mexer que aproveitei a vibe.
Agradecia por estar viva... e pensei que se eu deixasse de
existir, também estaria tudo bem, desprendi-me do ego, do medo, da incerteza. Viver
é maravilhoso, mas se deixasse de viver também seria. Tudo era energia, tudo era
luz, tudo era bom. Acho que meu ego se dissolveu por um instante.
A ayahuasca é muito poderosa.
Dessa vez eu abri os olhos pouquíssimas vezes, tomei metade
da segunda dose e continuei num estado meditativo aguçado mas não entrei na
força e tudo bem, foi também maravilhoso, me senti muito bem, muito bem comigo.
Foi uma vivência muito introspectiva. Meu eu me dizia que eu não precisava do chá, que tudo o que eu precisava estava dentro de mim. Foi uma informação muito valiosa.
Na outra vez eu senti meus sentidos muito aflorados, dessa
vez foi uma coisa mais interior, de percepção do meu eu e não do entorno,
embora eu o percebesse, mas não era o foco. Eu buscava a minha essência, fui o
mais próximo dela que eu consegui ir e foi isso... eu tento descrever, mas as
palavras não são suficientes porque sempre escapa algo, depois me lembro de
mais alguma coisa. Mas, no geral, a experiência foi essa e a vivi com muita tranquilidade
depois que meu medo se acalmou.
Fique em paz!
Namastê!
Nossa....passamos pela mesma experiência....reações idênticas. A única diferença é que, farei minha segunda consagração sábado dia 11/06.
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