Educar, Cuidar e alfabetizar: Tarefa possível
Trabalho entregue no Curso de Pedagogia - Unip Interativa
EDUCAR, CUIDAR E ALFABETIZAR: TAREFA POSSÍVEL
Ao
longo dos anos a atenção às crianças de 0 a 6 anos sofreu transformações. Os
cuidados deixaram de priorizar o atendimento assistencial às mães trabalhadoras
que precisam deixar seus filhos em creche e passaram a ser considerados como
direitos das próprias crianças.
Passou-se
a levar em consideração como a criança age, pensa e sente. Apesar disso, ainda
é comum encontrar em creches e pré-escolas pelo Brasil o atendimento voltado
exclusivamente para a satisfação das necessidades de alimentação e higiene.
O
atendimento hoje deve se fundamentar no cuidado e na educação das crianças e o
processo educativo necessita estar integrado. A Educação Infantil é o início da
trajetória escolar da criança, e esta, como sujeito de direitos necessita que
os profissionais que a atendem estejam envolvidos numa dinâmica de
comprometimento, dedicação, cooperação, afetividade e sensibilidade para
atender às demandas familiares e das crianças.
Educar
significa oferecer situações de cuidado, brincadeira e aprendizagem, orientadas
de forma integrada, de maneira que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de ser e estar com os outros, numa atitude de aceitação,
respeito e confiança.
Donohue-Colleta
(apud Campos, 1994, p. 31) resume, da seguinte forma, as necessidades das
crianças entre 0 e 6 anos de idade:
"Crianças
de 0 a 1 ano necessitam:
-proteção
para perigos físicos;
-
cuidados de saúde adequados;
-
adultos com os quais desenvolvem apego;
-
adultos que entendam e respondam a seus sinais,
-
coisas para olhar, tocar, escutar, cheirar e provar;
-
oportunidades para explorar o mundo;
- estimulação adequada para o desenvolvimento da
linguagem.
Crianças entre 1 e 3 anos necessitam todas as
condições acima e mais:
-
apoio na aquisição de novas habilidades motoras, de linguagem e pensamento,
-
oportunidade para desenvolver alguma independência;
-
ajuda para aprender a controlar seu próprio comportamento;
-
oportunidades para começar a aprender a cuidar de si próprias;
oportunidades
dianas para brincar com uma variedade de objetos.
Crianças
entre 3 e 6 anos (e acima desta idade) necessitam todas as condições acima e
mais:
-
oportunidade para desenvolver habilidades motoras finas;
-
encorajamento para exercitar a linguagem, através da feia, da leitura, e do
canto;
-
atividades que desenvolvam um senso de competência positivo;
-
oportunidades para aprender a cooperar, ajudar, compartilhar;
-
experimentação com habilidades de pré-escrita e pré-leitura".
A
educação auxilia no desenvolvimento das capacidades de apropriação do
conhecimento, das potencialidades corporais, afetivas, emocionais e éticas,
contribuindo para a formação de crianças saudáveis e felizes.
Segundo
Thiesen; Beal (apud Silva; Guimarães, 2014, p.6):
O período que a criança passa no jardim de infância é
de extrema importância na construção dos alicerces de sua afetividade,
socialização e inteligência e, consequentemente, em seu desenvolvimento
integral e harmônico. Para que a escola possa cumprir esse papel, é necessário
conhecer as características do desenvolvimento infantil até os seis anos e
organizar o ambiente e as atividades da pré-escola de modo a atender às
necessidades das crianças nessa etapa da vida.
Cuidar é valorizar e ajudar a
desenvolver as capacidades. O ato de cuidar precisa considerar as necessidades
das crianças, que sendo observadas, ouvidas e respeitadas dão pistas
importantes sobre a qualidade do que estão recebendo.
Cuidar e educar caminham juntos.
Para cuidar é preciso que se esteja comprometido com o outro, disso nasce o
vínculo entre quem cuida e é cuidado.
O desenvolvimento das crianças depende das
aprendizagens realizadas através das interações estabelecidas com o outro, os
quais influenciam e potencializam o desenvolvimento individual da criança.
Cuidar
relaciona-se com o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social. Não
se limita, portanto, à sobrevivência física, pois à medida que vão sendo
satisfeitas suas necessidades de alimentação, higiene, saúde, locomoção, vão
surgindo as necessidades relacionadas à exploração do mundo, de si mesmo e do
outro.
Deste
modo, educar e cuidar são ações que devem ser planejadas, organizadas, levando
em consideração os pontos de vistas dos educadores e das crianças, através do
diálogo entre as diferentes culturas que circulam no interior da escola.
O
cuidar e o educar devem promover a autonomia da criança, seja física, emocional
ou intelectual. O espaço deve ser educativo, os ambientes acolhedores, alegres,
seguros e oferecerem experiências desafiadoras.
É
importante que haja diálogo com as famílias, investimento em formação
continuada dos profissionais que atuam com as crianças pequenas e a oferta de
uma base sólida de afeto.
A
primeira fase da vida é fundamental para o desenvolvimento e tem um impacto na
situação social, psicológica e econômica da criança. Nessa fase ela precisa ser
estimulada brincando, cantando e falando. Cada toque, movimento e emoção
sentidos por uma criança contribuem com sua formação neural.
A
criança que dispõe da colaboração de adultos e de crianças mais experientes,
num espaço de interação e de interlocução, pode, ao participar de atividades
compartilhadas, apresentar comportamentos e habilidades que não seria capaz de
manifestar sozinha, sem o auxílio do outro. Daí depreende-se que a ação
educativa planejada e com intencionalidade pedagógica bem fundamentada, traz
benefícios para a formação integral da criança.
A formação da criança deve ser promovida no
todo, visando o seu desenvolvimento integral (aspectos físicos, psicológicos,
intelectuais e sociais).
Deve-se ainda respeitar a heterogeneidade social e a
diversidade cultural que caracteriza os grupos infantis, pensando na criança
como ser inteiro, que desenvolva sua capacidade intelectual e afetividade de
maneira plena.
Todo
esse percurso que integra o cuidar e o educar prepara a criança para o mundo
letrado, favorecendo o processo de alfabetização, pois a criança detém uma base
estruturante que lhe garante as necessidades fundamentais da infância.
Segundo
Sampaio (apud Silva; Guimarães, 2014, p. 12), verificamos que:
Embora seja indispensável que a criança tenha acesso à
linguagem escrita, a escola tem de pensar que a criança vive num universo de
linguagens. Ter acesso na escola [e na Educação Infantil] às diferentes
linguagens - gráfica, gestual, plástica, cinestésica, musical, corporal ,
televisiva, informática etc. - é fundamental [...]. É imprescindível que a
criança desenhe, não para desenvolver "habilidades", mas para ter
acesso à linguagem pictórica; ao canta r, não é para, simplesmente, ocupar o
tempo na pré-escola, e sim ter a possibilidade de acesso à linguagem musical;
ao modelar, pintar, recortar e colar, ter acesso à linguagem plástica; ao
liberar seus movimentos, está se expressando com todo o seu corpo e tendo
acesso à linguagem corporal..
A
criança como ser social convive com outras pessoas e utiliza linguagens para se
comunicar. As situações de leitura e escrita são vivenciadas como forma de
comunicação, de linguagem e a criança tem acesso a esses símbolos e signos. A
alfabetização não deve ser forçada, mas naturalmente apresentada à criança
dando continuidade ao que já faz parte de sua realidade, ampliando suas redes
de conhecimento, num processo contínuo que apresente o mundo letrado de maneira
prazerosa e plena de sentido.
Referências
BRASIL. Referencial
Curricular Para a Educação Infantil. v. 1, Brasília: MEC/SEF, 1998.
CAMPOS, Maria Malta. Questões
sobre o perfil profissional de Educação Infantil.
MEC/COEDI. IRIIJP. Belo Horizonte, 1994.
Disponível em: http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/me002343.pdf#page=30
Acesso em: 27 maio 2014.
MACHADO,
Maria Lucia de A. A Educação infantil em tempos de LDB. São Paulo:
FCC/DPE, 2000. Disponível em:
http://www.fcc.org.br/biblioteca/publicacoes/textos_fcc/arquivos/1330/arquivoAnexado.pdf
Acesso em: 25 maio 2014.
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http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/10303/a-historia-da-educacao-e-seus-reflexos-no-ensino-infantil#ixzz2yWtljWiN
SILVA, Fernanda Costa Fagundes;
GUIMARÃES, Márcia Campos Moraes. O professor de Educação Infantil: Cuidar ou
Ensinar? Um novo olhar. IV EDIPE - Encontro Estadual de Didática e Prática
de Ensino, 2011. Disponível em:
http://www.ceped.ueg.br/anais/ivedipe/pdfs/didatica/co/CO%20461-1150-1-SM%5B1%5D.pdf
Acesso em: 26 maio 2014.
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